Mangá - Fúlvio e Simônia - entrevista
Neste espaço, você encontra entrevista escrita e um vídeo feito com os professores Simônia Fukue e Fúlvio Pacheco.
1) Qual a sua formação?
Simônia - Sou formada em Gravura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Fúlvio - Artes Visuais / História da Arte
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2) Você estudou em escola pública (municipal ou estadual)?
Simônia - Primário e colegial foi em escola pública; segundo grau foi em escola particular e faculdade foi em instituição pública.
Fulvio - Colégio Estadual do Paraná.
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3) Você já trabalhou em escola pública (municipal ou estadual)?
Simônia - Já trabalhei como professora substituta em escola estadual (primário apenas); fiz voluntariado em escola municipal e estadual; trabalhei como oficineira para comunidade e como professora colaboradora na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.
Fúlvio - Trabalhei em escola municipal por um ano (ano passado) e no Centro de capacitação em Artes Guido Viaro do estado.
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4) O que o mangá significa para você? Fale um pouco sobre seu primeiro contato com os mangás.
Simônia - Conheci o mangá quando era criança, pois tenho descendência japonesa, mas o mangá como sendo um estilo de quadrinho, só tive conhecimento nos meus 15 anos, através dos Cavaleiros do Zodíaco. A partir daí a curiosidade em saber mais sobre esta arte cresceu. Porém, quando fui para o Japão e por lá fiquei um ano, retornei ao Brasil rejeitando qualquer assunto relacionado à cultura japonesa, não por causa de alguma decepção do contato com a cultura, mas por ser mestiça. Mas, a vida dá voltas, e através de convites para palestras e oficinas, voltei a ensinar mangá na escola Tomodachi e a vontade de retornar às pesquisas sobre o mangá só aumentaram, sendo que hoje sou mestranda na USP, no departamento de cultura japonesa e minha pesquisa será relacionada à estética do mangá. Também comecei a fazer parte de grupos de estudos sobre a cultura japonesa e sobre quadrinhos, em São Paulo. Devo dizer que aprendi muito a me entender como 50% japonesa a partir dessa arte.
Fúlvio - Consegui encontrar desenhos meus com 6 anos de idade já com o estilo mangá, estas publicações sempre me influenciaram esteticamente.
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5) Há quanto tempo você se relaciona com este universo?
Simônia - Faz 18 anos que desenho, ensino e pesquiso o mangá, mas como parei um tempo tenho que recuperar o tempo “perdido”.
Fúlvio - Desde 2000 eu publico e desde 2001 eu ministro cursos (inicialmente na Gibiteca de Curitiba e depois na praça do Japão e no Guido Viaro).
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6) Além dos mangás, o que mais da cultura japonesa influencia sua vida? Por quê?
Simônia - Através de comentários de amigos, percebi que o meu jeito é muito de uma japonesa e como pesquisadora da cultura e arte japonesa comecei a estudar a cerimônia do chá, gestos, estética, pensamento nipônico e nipo-brasileiro.
Fúlvio - Sou bem ligado à cultura japonesa local, graças à praça do Japão já participei do Matsuri, em oficinas e eventos de mangá e animê. A arte japonesa e seu estilo gráfico já me influenciou muitas vezes e já escrevi uma breve HQ sobre um Nipo seguindo esse estilo.
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7) Qual tipo de mangá você mais curte?
Simônia - Atualmente é o
Studio Ghibli, o qual não possui um gênero específico (eu acho), pois gosto de leitura (todos os sentidos) que instigue a mente, mas quando mais nova, era o shõjo mangá.
Fúlvio - Eu gosto principalmente dos sobrenaturais (
Death Note,
The Ring,...) e dos que exploram a cultura dos samurais (
Vagabond, Lobo Solitário...).
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8) Qual a diferença entre HQ e mangá?
Simônia - Antigamente não havia diferença, pois mangá também era direcionado, porém, atualmente, diferencia-se no estilo de desenho, ou seja, olhos grandes, corpo alongado, expressividade física, quadrinização cinematográfica. Bom, com a globalização percebi que mesmo no Japão muitos mangás tiveram influência dos estilos ocidentais, assim como vice e versa, mas por enquanto não é uma afirmativa, apenas uma hipótese.
Fúlvio - Muitas. Formato, diagramação mais dinâmica, ritmo, desenho mais expressivo, temáticas mais "intensas" (mais violência, sexo, ação...).
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9) Por que as pessoas se interessam pelas expressões culturais orientais? Quais línguas estão ligadas a esse universo?
Simônia - Acredito que seja o exotismo dessas culturas. O que é diferente para o ser humano tende à curiosidade do mesmo. As línguas ligadas ao mangá? Se for isso, são praticamente todas as orientais, mas as que se destacam mais são a japonesa e a coreana.
Fúlvio - A descoberta da cultura japonesa aconteceu depois de outras como a europeia e a norte-americana, tornando mais "novidade" e, o "exotismo" também contribui para esse interesse.
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10) Os mangás são modismos ou vão se popularizar?
Simônia - Acredito que o modismo já tenha passado, agora ficou de vez, reduziu um pouco a febre, mas muitos o buscam, acredito eu, por ser diferente e oferecer o encontro do fantástico com o real.
Fúlvio - Os mangás são modismos "antigos" que já são populares.
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11) Os mangás estão tirando público dos quadrinhos tradicionais no Brasil?
Simônia - Acredito que não, ao contrário, temos quadrinhos brasileiros em estilo mangá e com histórias relacionadas à cultura brasileira, porém não muito bem trabalhadas na narrativa.
Fúlvio - Sim. E muitos autores estão transformando seus personagens como Mônica e Luluzinha para mangá e apresentam sucessos editoriais.
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